E hoje, o que tem de bom?

Um dos meus programas preferidos hoje em dia definitivamente é ir à feira aos domingos. Conhecer os fornecedores e suas novidades, tirar dúvidas sobre produtos, receber dicas de preparos… Acho que é essencial tentarmos conhecer um pouco sobre a origem da nossa comida. Já comentei aqui sobre, na minha opinião, os melhores peixes e frutos do mar da cidade. O Rogério e sua equipe estão lá religiosamente todos os domingos e atendem a todos com a mesma simpatia e – muito importante – honestidade sobre seus produtos. Você saiu de casa pensando em um belo salmão mas chegou lá e o salmão não está tão lindo, tão fresco? Ele vai te dizer exatamente isso. E vai te sugerir muitas outras opções.

Este é um hábito que adquiri durante os anos que vivi na Itália: conheça um bom fornecedor, confie no que ele diz e obedeça à sazonalidade dos produtos. Aqui no Brasil estamos muito (mal) acostumados a termos uma infinidade de produtos durante o ano todo, e com isso perdemos em pelo menos um desses 2 pontos: preço e qualidade. Quando é época de tangerina, ela é boa e barata. Rende mais suco, está bem doce. Quando não é época, paga-se mais caro (porque aí será uma tangerina importada) e/ou a fruta não estará boa. O suco não rende, o sabor é bem mais ácido. Na Itália, por exemplo, eu nunca comprava mamão papaia ou manga porque são sempre importados. Toda vez que eu perguntava para um italiano se ele gostava dessas frutas, eles automaticamente faziam alguma careta e me respondiam sempre a mesma coisa: não, essas frutas não tem gosto, são “secas”, fibrosas. Certa vez tive um surto de vontade de comer manga e comprei uma vez por lá, mas não deu outra… A manga era lotada de fiapos, não tinha sumo e a polpa não tinha gosta de nada. Desisti. Em compensação, nunca comi tanto e paguei tão pouco por frutas vermelhas. Mas não tinha o ano todo, e essa espera pela época tornava o ato de comer um acontecimento. Era assim também com a época dos cogumelos porcini, das cerejas, das uvas pretas, da melancia… Qualidade com preço justo.

Mas voltando ao Brasil e voltando ao meu domingo, na peixaria. Gosto sempre de chegar e perguntar a eles: o que está bom hoje? Eu aponto para uma bacia de lulas que me parecem frescas, um dos rapazes aponta para as menores que estão na bacia ao lado: estas estão melhores. Decido pegar um polvo, que está especialmente “gordo” com tentáculos rechonchudos. ‘Ah, chegou essa pescada cambucu maravilhosa, olha que beleza!’ – ele mostra o peixe orgulhoso. O peixe podia render pra 1 semana, mas decido levar.

Gosto muito da pescada-cambucu pois é um peixe cuja carne firme tem sabor bem suave e delicado. Mesmo assada ou grelhada mantém umidade na carne, ficando bem suculenta. Preparei um dos filés assado no forno, com poucos temperos. Para acompanhar, batata doce assada e um molho de maionese caseira.

Filé de pescada-cambucu

Filé de pescada-cambucu

 

Para o peixe:

  • 1 filé de pescada cambucu ou o peixe que preferir
  • Mix de temperos para peixe
  • Flor de sal ou sal comum

Forre uma assadeira pequena com papel manteiga. Coloque um fio de azeite e o filé de peixe. Tempere bem com o que você achar melhor ou tiver na hora; eu usei 2 mix de temperos que são indicados para peixes e já tem de tudo: pimenta, limão, cebola, alho, páprica, cominho, coentro, manjericão… Tempere com sal a gosto. Asse por 10 a 15 minutos a 200 graus, dependendo da altura do filé.

Pescada2

Para a batata doce:

  • 2 batatas doce médias, descascadas e cortadas em palito
  • Azeite, sal e pimenta do reino a gosto
  • Manteiga
  • Tomilho

Cozinhe as batatas já cortadas em palito por 5 minutos em água fervendo. Escorra bem e coloque numa assadeira forrada com papel manteiga. Regue com azeite, sal, pimenta e tomilho. Coloque pedacinhos de manteiga por cima. Asse no forno a 220 graus até dourar e ficar levemente crocante.

Pescada3

Para a maionese de alho

  • 1 gema de ovo – de preferência caipira/orgânico
  • Azeite ou óleo o quanto baste (usei quase 1 xícara)
  • 1 dente de alho descascado e espremido ou ralado
  • Suco de 1/2 limão
  • Sal a gosto
  • 1 colher de chá de mostarda

Aqui pode ser usado o liquidificador, mas eu prefiro bater à mão com um fouet (batedor de claras) para ajustar a consistência. Coloque numa tigela grande (ou no copo do liquidificador) a gema, o suco de limão, a mostarda e o alho. Comece a bater e vá adicionando o azeite/óleo em fio. Coloque até obter a consistência desejada – eu deixei mais líquido do que uma maionese normal. Ajuste o sal e deixe na geladeira até a hora de usar. Se deixar mais consistente, fica ótimo em hambúrguer!

Sirva o peixe com as batatas e a maionese. Eu coloquei a maionese num potinho para ir derramando sobre o peixe e também para mergulhar as batatas.

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About Fabiana

O blog é uma homenagem às mulheres da minha família que me transmitiram todo o amor que tenho por cozinhar: minha avó materna, que vive usando a expressão "Tu Nonna in Carriola"; minha mãe, a melhor cozinheira de todos os tempos; e minha bisavó, que viveu felizes 106 anos e me presenteou com um tesouro - um livro de receitas que pertenceu à minha tataravó.

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